segunda-feira, 30 de março de 2009

Concordância

Concordância: definição
Os termos que constituem uma oração estabelecem entre si diversas relações, entre elas as relações sintáticas, quando esses termos se distribuem pela oração formando um organismo; e relações semânticas, quando esses termos se organizam na oração formando um todo significativo.
Dá-se o nome de concordância à harmonia que os termos da oração apresentam em nível sintático. Assim, algumas palavras, expressões ou mesmo orações, quando estabelecem uma relação de dependência entre si, devem demonstrar com quais elementos estão ligadas. E isso é evidenciado através das flexões: de número e gênero, para os nomes e de número e pessoa, para os verbos.
O fato de a concordância se expressar por meio de flexões pode nos levar a pensar numa série de repetições exigidas pela sintaxe (ex.: marcar o plural no substantivo e no adjetivo que o acompanha). Porém, é a concordância que permite a não repetição do sujeito numa certa construção verbal (ex.: sujeito oculto). De qualquer forma, a concordância é obrigatória nos casos supra-citados.
Em língua portuguesa há dois tipos de concordância:
Concordância nominal
Concordância verbal
Embora a concordância se revele um aspecto da sintaxe, como já dissemos, muitas vezes um tipo de construção é determinado pela influência semântica. É o caso de alguns verbos que, quando apresentam um significado específico, exigem que a relação de concordância se estabeleça de forma especial (ex.: verbo importar). Portanto, é importante conhecer as especificidades das relações de concordância.
Concordância nominal
É chamada de concordância nominal a relação de concordância que se estabelece entre:
substantivos e adjetivos
substantivos e artigos
substantivos e pronomes
substantivos e numerais
Os nomes se flexionam em gênero (masculino e feminino) e em número (singular e plural). São essas as características que um termo determinante ou dependente (artigo, adjetivo e etc.) deve manter em harmonia com as do termo determinado ou principal (substantivo, etc.).
Em língua portuguesa, as relações de concordância são obrigatórias nos casos supra-citados. Por isso, é importante saber de que forma os nomes e sintagmas nominais se relacionam para, assim, promover a concordância adequada.
É importante conhecer as particularidades da concordância nominal.
A concordância e os determinantes
Os termos determinantes da oração (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham um nome, em geral, um substantivo. Assim, os determinantes herdarão as mesmas características de gênero e número que os substantivos possuírem.
A concordância entre os determinantes e o substantivo (termo determinado) é obrigatória na nossa língua.
Exemplos:
Todos sonhavam com a milagre divino. [Inadequado]
Todos sonhavam com o milagre divino. [Adequado]
Havia apenas dois vagas para o cargo. [Inadequado]
Havia apenas duas vagas para o cargo. [Adequado]
Quem se importava com aquele situação? [Inadequado]
A concordância e os determinantes compostos
Os termos determinantes da oração (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham o nome, em geral, um substantivo.
Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um termo determinante (determinante composto). Quando isso acontece, é obrigatória a concordância em gênero e número entre os determinantes e o substantivo a que eles se referem.
Exemplos:
Um cidade iluminadas e divertido era tudo o que ele precisava. [Inadequado]
Uma cidade iluminada e divertida era tudo o que ele precisava. [Adequado]
Observe que não importa a posição dos adjuntos adnominais para que ocorra a concordância entre eles e o substantivo, senão vejamos:
Era generoso e fantásticas o dedicação que me ofereciam. [Inadequado]
Era generosa e fantástica a dedicação que me ofereciam. [Adequado]
A concordância e os modificadores compostos
Os termos modificadores da oração (adjetivos, pronomes adjetivos e advérbios) acompanham um nome ou um verbo. Sempre que o modificador acompanha um nome, em geral um substantivo, ele deve concordar com este em gênero e número.
Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um termo modificador (modificador composto). Quando isso acontece, é obrigatória a concordância em gênero e número entre todos os modificadores e o substantivo a que eles se referem.
Exemplos:
Os colecionadores velhos e astuto imaginavam-me uma fraude. [Inadequado]
Os colecionadores velhos e astutos imaginavam-me uma fraude. [Adequado]
Esses e também aquela bonecas encantavam os olhares paternos. [Inadequado]
Essas e também aquelas bonecas encantavam os olhares paternos. [Adequado]
Os modificadores ligados a verbo são os advérbios, cuja principal característica é não se flexionarem em gênero e número. Dessa forma, como os advérbios não variam, não é requerida a concordância entre o modificador do verbo e o próprio verbo.
Os bichos esperavam pacientementes a volta do verde perdido. [Inadequado]
Os bichos esperavam pacientemente a volta do verde perdido. [Adequado]
A concordância e os substantivos genéricos
O sujeito da oração é sempre formado por um nome, em geral um substantivo, ou um pronome substantivo. Quando esse sujeito é formado por um substantivo que expressa a idéia de generalidade, o predicativo do sujeito deve estar obrigatoriamente no masculino singular.
Exemplos:
Cerveja é boa. [Inadequado]
Cerveja é bom.[Adequado]
...[idéia expressada: Cerveja, em geral, é bom.]
Férias são gostosas quando se tem dinheiro. [Inadequado]
Férias é gostoso quando se tem dinheiro.[Adequado]
...[idéia expressada: Férias, em geral, é gostoso...]
O predicativo do sujeito, porém, será alterado conforme a flexão do sujeito (singular/plural; masculino/feminino) se esse sujeito vier determinado de alguma forma; ou seja, se antes do substantivo que compõe o sujeito houver algum artigo, pronome ou adjetivo determinando-o.
Exemplos:
Aquela cerveja é bom. [Inadequado]
Aquela cerveja é boa.[Adequado]
As minhas férias é gostoso quando eu tenho dinheiro. [Inadequado]
As minhas férias são gostosas quando eu tenho dinheiro.[Adequado]
A concordância e as contrações
Existe em Língua Portuguesa a possibilidade da união de algumas classes gramaticais, formando uma única palavra (contração). Isso se dá:
entre artigo e preposição:
exemplos:
....o + em = no;
....a + de = da;
....a + a (preposição) = à (crase)
entre pronome e preposição:
exemplos:
....isso + de = disso;
....aquele + em = naquele
As contrações, além de expressarem as idéias apontadas pelas preposições, são termos que sempre acompanham um nome, em geral um substantivo. Sendo assim, é obrigatória a concordância em gênero e número entre a contração e o substantivo ao qual se refere.
Exemplos:
Eles cantaram ao vivo na parque. [Inadequado]
Eles cantaram ao vivo no parque.[Adequado]
A pia do cozinha está quebrada. [Inadequado]
A pia da cozinha está quebrada.[Adequado]
A concordância e o predicativo do sujeito
O sujeito pode ser apresentado ou modificado por um atributo chamado predicativo do sujeito. Por se tratar de um termo que se refere ao sujeito, o predicativo deve sempre concordar com ele.
Tanto o sujeito quanto o predicativo do sujeito são formados por nomes. Dessa forma, os predicativos herdarão as mesmas características de gênero e número que os sujeitos possuírem.
O predicativo do sujeito somente aparecerá em sentenças em que o predicado seja formado por um verbo de ligação (predicado nominal).
Exemplos:
Os recibos de pagamento eram falso. [Inadequado]
Os recibos de pagamento eram falsos. [Adequado]
Eles eram apenas duas e já causavam tanta confusão. [Inadequado]
Eles eram apenas dois e já causavam tanta confusão. [Adequado]
A concordância e o predicativo do objeto
Tanto o objeto direto quanto o objeto indireto podem ser modificados por um predicativo. Por se tratar de um termo que acompanha os objetos, o predicativo deve sempre concordar com eles.
Os objetos direto e indireto são formados por nomes. Dessa forma, os predicativos que os acompanham herdarão as mesmas características de gênero e número que os objetos possuírem.
O predicativo do objeto somente aparecerá em sentenças em que o predicado é formado por um verbo transitivo, cujo objeto esteja qualificado por um atributo (predicado verbo-nominal).
Exemplos:
O penteado deixou lindo a menina. [Inadequado]
O penteado deixou linda a menina. [Adequado]
A mãe sempre o chamava preguiçosa e malcriada. [Inadequado]
A mãe sempre o chamava preguiçoso e malcriado. [Adequado]
A concordância e o predicativo "só"
Nas orações em que a palavra só for um predicativo do sujeito (portanto, um adjetivo), ela deve concordar em número com o sujeito ao qual se liga.
A concordância nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes que se relacionam (substantivo e adjetivo, substantivo e pronomes, etc.). Uma oração formada por verbos de ligação tem como predicado um predicativo do sujeito. Muitas vezes esse predicativo se compõe de adjetivos que predicam o sujeito.
A palavra só ora funciona como advérbio ora como adjetivo. No primeiro caso, é uma palavra invariável (não se flexiona); no segundo, é uma palavra que se flexiona de acordo com o termo determinado. Em posição de predicativo do sujeito, portanto, a palavra só sempre deve concordar com o seu sujeito.
Exemplos:
Os convidados estão só. [Inadequado]
Os convidados estão sós. [Adequado]
Eventualmente Marisa permanecia sós em seu quarto. [Inadequado]
Eventualmente Marisa permanecia só em seu quarto. [Adequado]
Apesar de a concordância nominal freqüentemente marcar flexões de número e gênero, no caso da palavra só ocorre simplesmente a flexão de número, já que não há uma forma específica para o masculino e o feminino dessa palavra na nossa língua.
A concordância do predicativo e as orações adjetivas
As orações subordinadas adjetivas, por qualificarem um termo da oração principal, possuem as características de um adjetivo; ou seja: estão ligadas a um nome, em geral um substantivo, ao qual conferem um atributo.
Dentre as características das orações subordinadas adjetivas destacamos:
são introduzidas pela palavra que;
podem possuir um predicativo do sujeito.
Independentemente da função que exerce na oração (se sujeito, objeto direto, complemento nominal, etc.) é obrigatória a concordância em gênero e número entre o predicativo do sujeito da oração subordinada adjetiva e o substantivo a que se refere representado pela palavra que.
Exemplos:
Eles, que nem eram tão próximo, conversaram por toda a noite. [Inadequado]
Eles, que nem eram tão próximos, conversaram por toda a noite. [Adequado]
...[que se refere à palavra eles]
...[que = sujeito masculino plural]
O mercador sabia aquela língua que foi precioso para mim. [Inadequado]
O mercador sabia aquela língua que foi preciosa para mim. [Adequado]
...[que se refere à palavra língua]
...[que = sujeito feminino singular]
A concordância e os adjuntos adnominais compostos
O adjunto adnominal (artigo, adjetivo, locução adjetiva, numeral, pronome adjetivo e oração adjetiva) sempre acompanha o nome, em geral um substantivo.
Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um adjunto adnominal (adjunto adnominal composto). Quando isso acontece, é obrigatória a concordância em gênero e número entre os adjuntos adnominais e o substantivo a que eles se referem.
Exemplo:
Era realmente difícil se ocupar daquela criança travesso e teimosas. [Inadequado]
Era realmente difícil se ocupar daquela criança travessa e teimosa. [Adequado]
Observe que não importa a posição dos adjuntos adnominais para que ocorra a concordância entre eles e o substantivo, senão vejamos:
Sendo travessas e teimosas aquela criança, era difícil ocupar-se dela. [Inadequado]
Sendo travessa e teimosa aquela criança, era difícil ocupar-se dela. [Adequado]
A concordância e o particípio
A concordância nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes e determinantes. Já a concordância verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o seu sujeito.
Existem algumas expressões que se formam a partir dos verbos SER, ESTAR ou FICAR + verbo no PARTICÍPIO. Nesse tipo de construção, ambos os verbos devem concordar com o núcleo do sujeito ao qual estão ligados.
Exemplos:
Tuas sugestões de investimento será rejeitado. [Inadequado]
Tuas sugestões de investimento serão rejeitadas. [Adequado]
...[sujeito: tuas sugestões de investimento]
...[núcleo do sujeito: sugestões]
...[sugestões: palavra feminina plural]
Infelizmente, aqui os juros está embutido nos preços. [Inadequado]
Infelizmente, aqui os juros estão embutidos nos preços. [Adequado]
...[sujeito: os juros]
...[núcleo do sujeito: juros]
...[juros: palavra masculina plural]
O particípio é uma forma nominal do verbo, por isso, se comporta como um adjetivo. Desse modo, os verbos no particípio flexionam-se em gênero e número. Em geral os verbos no particípio apresentam-se acompanhados de outros verbos (auxiliares), formando uma locução verbal. Os verbos auxiliares (ser, estar, haver e ter) e eventualmente o verbo "ficar", quando parceiros de verbos no particípio, flexionam-se em pessoa, número, tempo e modo.
Em síntese: nesse tipo de locução verbal, os verbos no particípio devem concordar com o sujeito em gênero e número, já os verbos auxiliares e o verbo "ficar" devem concordar com o sujeito em número e pessoa.
Isso se dá mesmo quando o sujeito aparece depois do verbo ou locução verbal (sujeito posposto).
Exemplos:
Fica autorizado as visitas diurnas às praias desta região. [Inadequado]
Ficam autorizadas as visitas diurnas às praias desta região. [Adequado]
...[sujeito: as visitas diurnas]
...[núcleo do sujeito: visitas]
...[visitas: palavra feminina plural]
Foram corrigidos o valor das moedas locais. [Inadequado]
Foi corrigido o valor das moedas locais [Adequado]
...[sujeito: o valor das moedas locais]
...[núcleo do sujeito: valor]
...[valor: palavra masculina plural]
A concordância e o pronome "cujo"
Os pronomes relativos são aqueles que estabelecem a ligação entre a oração principal e a oração subordinada, ao substituir, na oração subordinada, um termo presente na oração principal (termo antecedente). O pronome relativo cujo, que expressa a idéia posse, estabelece essa relação ligando dois elementos distintos: o possuidor (termo antecedente) e a coisa possuída (termo subseqüente).
Ao contrário de outros relativos, o pronome cujo estabelece a concordância com o termo subseqüente. Além disso, como o pronome cujo funciona também como determinante (função de especificar um elemento da oração), ele deve concordar em gênero e número com o nome ao qual está ligado (termo subseqüente).
Exemplos:
Trouxeram flores cujas cor me surpreendeu. [Inadequado]
Trouxeram flores cuja cor me surpreendeu. [Adequado]
...[flores: termo antecedente = nome feminino plural]
...[cor: termo subseqüente = nome feminino singular]
...[cuja: pronome relativo à "cor", portanto, feminino singular]
O filme cujo cenas são indecentes foi censurado. [Inadequado]
O filme cujas cenas são indecentes foi censurado. [Adequado]
...[filme: termo antecedente = nome masculino singular]
...[cenas: termo subseqüente = nome feminino plural]
...[cujas: pronome relativo a "cenas", portanto, feminino plural]
Para se determinar a relação de posse e, desse modo, promover a concordância nominal adequada, basta reduzir o período composto em um período simples.
Exemplo:
Trouxeram flores cuja cor me surpreendeu. (período composto)
A cor das flores me surpreendeu. (período simples)
...cor: coisa possuída
...flores: possuidor
Os adjetivos, quando são determinantes, devem concordar com o nome ao qual determinam. A palavra quite, sendo um adjetivo, torna obrigatória a concordância em gênero e número entre ela e o nome ao qual está ligada, mesmo que esse nome não esteja expresso na oração.
Exemplos:
Depois daquela vitória estávamos quite em competições estaduais. [Inadequado]
Depois daquela vitória estávamos quites em competições estaduais. [Adequado]
Enfim eu fui declarado quites com o serviço militar. [Inadequado]
Enfim eu fui declarado quite com o serviço militar. [Adequado]
A palavra quite é também a forma irregular do particípio do verbo "quitar". É importante lembrar, contudo, que essa forma irregular do verbo é empregada junto aos verbos ser e estar; junto ao verbo ter, emprega-se a forma regular: quitado(a).
Exemplos:
Ele está quite comigo. (forma irregular)
Ela tinha quitado a dívida atrasada. (forma regular)
Em ambos as construções, porém, a concordância é obrigatória, já que o particípio, nesses casos, funciona como adjetivo.
A concordância e a palavra "grama"
Em língua portuguesa, alguns substantivos se flexionam em gênero e número. O gênero pode ser masculino ou feminino e, geralmente, o gênero se torna visível devido à terminação das palavras ou aos determinantes (artigo, pronome, numeral e adjetivo) que se vinculam a essas palavras. Isto é, substantivos terminados em "-o" ou que puderem ser acompanhadas por determinantes masculinos são consideradas substantivos masculinos. Aqueles substantivos que terminarem em "-a" ou puderem ser acompanhados por determinantes femininos, são considerados substantivos femininos.
Exemplos:
aluno (substantivo terminado em "-o" = substantivo masculino)
escola (substantivo terminado em "-a" = substantivo feminino)
boi (substantivo acompanhado por determinante masculino = substantivo masculino)
a rede (substantivo acompanhado por determinante feminino = substantivo feminino)
No entanto, essa forma de reconhecer o gênero dos substantivos nem sempre é produtiva. Alguns fatores implicam vincular um ou outro gênero aos substantivos. É o caso, por exemplo, dos substantivos comuns-de-dois gêneros, em que a uma única forma do substantivo vinculam-se os dois gêneros (exs.: o/a artista, o/a estudante).
Dentre os casos particulares do gênero dos substantivos, destaca-se aquele em que o gênero do substantivo varia segundo sua significação. A palavra grama é um substantivo que se encaixa nesse caso.
Quando grama tiver sentido de gramínea cultivada em áreas como jardim, tratar-se-á de um substantivo feminino. Quando grama tiver sentido de unidade de medida de peso, tratar-se-á de um substantivo masculino.
É importante guardarmos essa distinção de gênero ligada ao substantivo grama, pois dela decorre a concordância nominal. Ou seja, os determinantes que se destinam ao substantivo grama devem estar no feminino, se a palavra grama designar planta; em se tratando de unidade de medida, os determinantes de grama devem estar no masculino.
Exemplos:
Admirávamos atônitos o grama que implantaram naquele jardim.[Inadequado]
Admirávamos atônitos a grama que implantaram naquele jardim. [Adequado]
Por favor, dê-me trezentas gramas de azeitona! [Inadequado]
Por favor, dê-me trezentos gramas de azeitona! [Adequado]
Como o substantivo grama com sentido de medida de peso é masculino, todos os substantivos compostos que também expressem medida formados a partir dele também serão masculinos: miligrama, quilograma. A concordância entre os determinantes e os compostos segue as mesmas orientações do substantivo grama.
Exemplo:
Quantas miligramas de bicarbonato existem nesse produto? [Inadequado]
Quantos miligramas de bicarbonato existem nesse produto? [Adequado]
A concordância e a expressão "o mais ... possível"
Dentre as formas de variação em grau que os adjetivos e os advérbios podem sofrer está o superlativo. O grau superlativo marca um aumento extremo de quantidade ou de intensidade dos adjetivos ou dos advérbios. Uma das formas de construção desse grau superlativo é através da expressão:
...o/a + mais + ______ + possível
...o/a + menos + ______ + possível
Nesses casos o aumento é relativo à intensidade e é dado por toda a expressão ao invés de conter o grau marcado na palavra-alvo (ex.: claro = grau normal; claríssimo = grau superlativo; marca de variação em grau: "-íssimo").
Quando essa expressão indicar aumento de intensidade de um adjetivo, alguns gramáticos costumam apontar para as seguintes possibilidades de concordância:
os artigos (o/a) que iniciam a expressão, assim como a palavra possível, devem concordar em gênero e número com a palavra que está sendo intensificada; ou
a expressão o mais/menos ... possível deve se manter fixa no masculino singular independentemente do número e do gênero da palavra intensificada.
Exemplos:
Somente discutíamos os trabalhos o mais claras possíveis. [Inadequado]
Somente discutíamos os trabalhos os mais claros possíveis. [Adequado]
Somente discutíamos os trabalhos o mais claro possível. [Adequado]
Entreguem estas encomendas as mais rápido possíveis.[Inadequado]
Entreguem estas encomendas o mais rápido possível. [Adequado]
Notem que quando a palavra intensificada é um advérbio não há flexão em gênero ou em número. Como ela é uma palavra invariável, a expressão que indica grau superlativo permanece sempre no masculino singular (para os artigos) e singular (para a palavra "possível").
Os primeiros passos para o emprego correto da expressão de intensidade, nesse caso, são: 1) identificar a palavra intensificada como um adjetivo ou advérbio, e 2) promover a concordância correta entre o adjetivo e o substantivo, quando a palavra intensificada for um adjetivo.
Exemplos:
Gostaríamos de uma resposta o mais objetivo possível. [Inadequado]
Gostaríamos de uma resposta a mais objetiva possível [Adequado]
...[objetiva: adjetivo = concorda em gênero com "resposta"]
...[a: artigo feminino = concorda com o adjetivo intensificado]
...[possível: palavra no singular = concorda com o artigo da expressão]
Vamos sair daqui os mais cedo possível. [Inadequado]
Vamos sair daqui o mais cedo possível. [Adequado]
...[cedo: advérbio = palavra invariável = não há concordância]
...[o ... possível: expressão fixa]
A concordância e o aposto
O aposto é um termo que se liga a outros termos da oração com o objetivo de especificar esse elemento ao qual se refere. Trata-se de um termo de caráter nominal que se relaciona a substantivos ou pronomes substantivos para atribuir-lhes uma explicação ou um esclarecimento.
Como o aposto e o substantivo (ou outro termo com valor de substantivo) são elementos relacionados numa oração, a concordância em gênero e número é obrigatória entre eles.
Exemplos:
Os investidores, barulhento e insegura, retiravam-se do mercado. [Inadequado]
Os investidores, barulhentos e inseguros, retiravam-se do mercado. [Adequado]
...[barulhentos e inseguros: aposto = refere-se ao substantivo "investidores"]
...[investidores: substantivo masculino plural]
Ela, mais sábio e oportunistas, também inventaria uma desculpa eficaz. [Inadequado]
Ela, mais sábia e oportunista, também inventaria uma desculpa eficaz. [Adequado]
...[mais sábia e oportunista: aposto = refere-se ao pronome substantivo "ela"]
...[ela: pronome feminino singular]
Nos exemplos acima o aposto se apresenta na forma como mais freqüentemente é utilizado: entre vírgulas, imediatamente após o termo ao qual se refere. Há casos, porém, em que o aposto se une ao termo substantivo sem o recurso da pausa expresso pela vírgula:
"O tempo inverno quase não é lembrado no nordeste brasileiro."
Nesse exemplo, em que o aposto – "inverno" – é também um substantivo, não se exige dele a concordância em gênero e número com o substantivo ao qual se liga – "tempo". A obrigatoriedade da concordância nominal é apontada apenas quando o aposto se configura como um adjetivo, como nos exemplos (1) e (2).
Naqueles casos (1) e (2), além disso, observa-se a presença do conectivo "e" interligando os adjetivos que compõem o aposto. É importante lembrar, no entanto, que ainda que a vírgula seja dispensada da construção, a concordância nominal entre o aposto e o substantivo de referência deve ser estabelecida.
Exemplos:
As antigo renovada expectativas poderiam se confirmar hoje. [Inadequado]
As antigas renovadas expectativas poderiam se confirmar hoje. [Adequado]
...[as antigas renovadas: adjunto adnominal de "expectativas"]
...[renovadas: adjetivo = núcleo do adjunto adnominal]
...[antigas: aposto = refere-se ao substantivo "expectativas"]
...[expectativas: substantivo feminino plural]
O velha gentis mensageiro abandonava suas caminhadas diárias. [Inadequado]
O velho gentil mensageiro abandonava suas caminhadas diárias. [Adequado]
...[o velho gentil: adjunto adnominal de "mensageiro"]
...[gentil: adjetivo = núcleo do adjunto adnominal ]
...[velho: aposto = refere-se ao substantivo "mensageiro"]
...[mensageiro: substantivo masculino plural]
A concordância e o predicativo do objeto de alguns verbos
Alguns verbos da língua portuguesa exigem complementos. São os chamados verbos transitivos, cujos complementos podem vir acompanhados de preposição (objeto indireto) ou ser diretamente relacionados ao verbo (objeto direto).
Esses complementos verbais podem sofrer modificações de duas naturezas: uma que é própria ao objeto (adjunto adnominal) e outra que é imposta pelo verbo (predicativo do objeto). Isso quer dizer que, associados a um mesmo verbo, podem ocorrer dois termos da oração: um objeto e um predicativo.
O predicativo do objeto geralmente se vincula aos verbos transitivos diretos, atribuindo uma propriedade ao seu complemento verbal. No entanto, em uma mesma oração podem co-ocorrer um adjunto adnominal e um predicativo do objeto, confundindo a aplicação da concordância adequada entre esses elementos sintáticos. Trata-se de duas etapas de concordância nominal distintas: uma que relaciona o adjunto adnominal ao objeto e a segunda que associa o predicativo ao seu objeto. Vejamos sentenças com os dois termos sintáticos separados:
A lua transforma a noite dos namorados.
...[transforma: verbo transitivo direto]
...[a noite: objeto direto]
...[dos namorados: adjunto adnominal = atributo de "noite" livremente apontado]
A lua torna a noite iluminada.
...[torna: verbo transitivo direto]
...[a noite: objeto direto]
...[iluminada: predicativo do objeto = atributo de "noite" imposto pelo verbo]
O predicativo do objeto sempre concorda em gênero e número com o termo (o objeto) ao qual se liga, mesmo que junto ao seu objeto haja um adjunto adnominal associado. Exemplo:
"A lua torna a noite iluminada dos namorados."
...[iluminada: predicativo do objeto direto "noite"]
A posição do predicativo do objeto não é fixa na oração. Ele pode:
....a. anteceder o objeto Þ "... torna iluminada a noite dos namorados."
....b. proceder imediatamente ao objeto Þ "... torna a noite iluminada dos namorados."
....c. vir ao final do adjunto adnominal Þ "... torna a noite dos namorados iluminada."
A confusão na concordância que se observa freqüentemente acontece quando o predicativo está na posição (c) apontada acima, pois o raciocínio mais cômodo faria concordar o predicativo com a última palavra que o antecede. É importante lembrar, porém, que mesmo distante o predicativo deve manter a concordância com o objeto que é a sua referência na oração.
Exemplos:
A academia consagrou os trabalhos de biologia pioneira. [Inadequado]
A academia consagrou os trabalhos de biologia pioneiros. [Adequado]
..[os trabalhos: objeto direto = masculino plural]
..[de biologia: adjunto adnominal]
..[pioneiros: predicativo do objeto = masculino plural]
A paz manteria a bandeira do Brasil vivo. [Inadequado]
A paz manteria a bandeira do Brasil viva. [Adequado]
...[a bandeira: objeto direto = feminino singular]
...[do Brasil: adjunto adnominal]
...[viva: predicativo do objeto = feminino singular]
Note que em certas situações apenas a concordância é que deixará claro o termo que está sendo modificado, pois um adjetivo como no exemplo (2) pode se aplicar tanto ao objeto (no exemplo,"bandeira") como ao núcleo do adjunto adnominal (no exemplo, "Brasil"). É facultativo ao ouvinte/leitor, portanto, compreender a oração da forma como ele preferir se a concordância não esclarece os termos que estão relacionados na oração.
Concordância verbal
A relação de concordância, quando se dá entre o sujeito e o verbo principal de uma oração, é chamada de concordância verbal.
Os verbos flexionam-se em pessoa (primeira, segunda e terceira), em número (singular e plural), em tempo (presente, passado e futuro) e em modo (indicativo, subjuntivo e imperativo). Em geral, as características de número e pessoa são as que um termo determinante ou dependente (verbo) deve manter em harmonia com as do termo determinado ou principal (substantivo e etc.).
Em língua portuguesa, as relações de concordância são obrigatórias nos casos supra-citados. Por isso, é importante saber de que forma os verbos e sintagmas nominais se relacionam para, assim, promover a concordância adequada. Dê uma olhada nas particularidades da concordância verbal:
A concordância e o sujeito simples
Dentre os casos de concordância verbal, o que trata do sujeito e o verbo é o mais básico e geral da língua portuguesa.
Sintaticamente, o sujeito é o termo que se mantém em harmonia com o verbo. Esse sujeito ora pode estar expresso na oração através de um nome (substantivo, pronome e etc.) ou uma oração subordinada substantiva, ora pode estar implícito na oração, ou ainda, pode ser inexistente na oração. Mesmo que o sujeito seja um elemento não declarado na oração, a concordância de número e pessoa entre ele e o verbo é obrigatória (salvo a exceção da concordância ideológica).
Exemplos:
Nós quer falar assim! [Inadequado]
Nós queremos falar assim! [Adequado]
As compras chegou ontem. [Inadequado]
As compras chegaram ontem. [Adequado]
Quando o sujeito não está expresso na oração é preciso recuperá-lo no contexto e, então, promover a concordância .
Exemplo:
Elas disseram que vai ao jantar.
...Elas disseram que vão ao jantar
...[sujeito de "vão" = "que" retomando o nome "elas"]
...Elas disseram que ele vai ao jantar.
...[sujeito de "vão" = "ele"]
Há casos em que um sujeito simples representa não um único elemento, mas toda uma coletividade. Mesmo transmitindo essa idéia de pluralidade, a concordância deve respeitar o número e a pessoa representada pela palavra-sujeito.
Exemplos:
A gente não fizemos a lição. [Inadequado]
A gente não fez a lição. [Adequado]
As gentes do Brasil espelha as várias raças. [Inadequado]
As gentes do Brasil espelham as várias raças. [Adequado]

A concordância e as desinências
As desinências (-s, -mos, -va e etc.) são elementos essenciais para se determinar a flexão das palavras em Língua Portuguesa. Por esse motivo são, inclusive, denominadas morfemas flexionais.
Por indicarem, na morfologia, a flexão nominal (gênero, número) e a flexão verbal (pessoa, número, tempo, modo, aspecto e voz ), é obrigatória a presença das desinências nas palavras. Esse fator é fundamental à construção adequada da concordância nominal e da concordância verbal
Freqüentemente se observa a ausência da desinência -s indicativa da segunda pessoa do singular. Esse comportamento, verificado particularmente na língua falada, acarreta problemas de concordância verbal, já que a forma vazia (sem o -s . Ex.: ama) é a forma representativa da terceira pessoa do singular.
Exemplos:
Tu fala por experiência própria! [Inadequado]
Tu falas por experiência própria! [Adequado]
A concordância e o termo determinado
A concordância verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito da oração.
Nas orações formadas por um predicado nominal (verbo de ligação + predicativo do sujeito) o verbo deve concordar não com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordância ocorre, dentre outros casos, se:
sujeito for um nome no plural;
predicativo do sujeito estiver determinado, isto é, se ele for formado por um nome + determinante (artigo, numeral e etc.).
Exemplos:
Carros roubados são uma coisa normal nesta rua. [Inadequado]
Carros roubados é uma coisa normal nesta rua. [Adequado]
Falsas promessas foram a minha desgraça! [Inadequado]
Falsas promessas foi a minha desgraça! [Adequado]
A concordância e os pronomes indefinido e demonstrativo como sujeito
A concordância verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito da oração.
Nas orações formadas por um predicado nominal (verbo de ligação + predicativo do sujeito) o verbo deve concordar não com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordância ocorre, dentre outros casos, se o sujeito da oração for:
um pronome indefinido (todo, tudo, nada e etc.);
um pronome demonstrativo neutro (isto, isso e aquilo).
Exemplos:
Nada é obstáculos para um bom vendedor. [Inadequado]
Nada são obstáculos para um bom vendedor. [Adequado]
Tudo é flores! [Inadequado]
Tudo são flores! [Adequado]
Para mim isso é histórias mal contadas. [Inadequado]
Para mim isso são histórias mal contadas. [Adequado]
Aquilo é manobras sociais. [Inadequado]
Aquilo são manobras sociais. [Adequado]
A concordância e o pronome interrogativo como sujeito
A concordância verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito da oração.
Nas orações formadas por um predicado nominal (verbo de ligação + predicativo do sujeito) o verbo deve concordar não com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordância ocorre, dentre outros casos, se o sujeito for um pronome interrogativo (qual, quem, que, quando e etc.).
Exemplos:
Quem é eles? [Inadequado]
Quem são eles? [Adequado]
Quando será as provas? [Inadequado]
Quando serão as provas? [Adequado]
Fonte: InterAula.

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